breve história sobre... frio!

não gosto muito do frio, a não ser que haja um espírito desportivo na coisa (snowboard ou assim), combinado com muitas montanhas e descidas (e quedas, no meu caso!), bom pessoal, roupas ás camadas e dormidas baratas com pequenos-almoços fixes (e de preferência empregados simpáticos, que nos deixem roubar um farnel à pala... mesmo à tuga!).

já o frio no quotidiano implica andar-se de mãos nos bolsos e pés dormentes, sem coragem para movimentos bruscos que possam expor o rosto escondido por detrás do cachecol.
e, apesar do sol (raro nestas paragens), a vontade de aproveitá-lo não é lembrada, e só mesmo os -10ºC que nos esbofeteiam a pele invadem o pensamento.
nessas alturas, o desejo de chegar à Haagweg 148 (lar, doce lar!) é tanto, que se vai de olhos bem fechados, espreitando-se de quando em vez, se necessário.
também os passos, débeis do frio, são compenetrados, rápidos, nervosos e por vezes súbitos, em fugida de ventos cortantes.
para piorar a coisa, o duche quente da chegada não causa um alívio imediato, como seria de esperar, mas um ardor que percorre o corpo gelado. só depois, aos poucos, a água cálida vai soando mais amena e calmante ao tocar a pele arrepiada.

contudo, tudo isto não desfaz a beleza do nevar.
claro que, mais ou menos poeticamente falando, quando neva, os flocos brancos casam-se com o verde das árvores e o azul limpo do céu, e desse encontro nasce uma paisagem leve, pacífica, doce até, romântica, saudável e bonita.

mas, continuando a lamentação, tal só é agradável se contemplado de um ambiente caseiro, com uma janela grande de vidros duplos e um aquecedor a afagar a divisão com lufadas de ar quente. o sentimento melhora se se estiver num sofá confortável, de mantinha posta, uma TV de olhar frontal e em companhia de um chá verde quentinho.
caso contrario, o frio não dá! não dá!

não dá, nem deu.

tanto não deu que A semana passada se resumiu ás quatro paredes do meu cantinho holandês, a boleias "o mais possível" e a um breve jogo à rabía no canal gelado cá do sitio, onde a bola era uma lata de ice-tea e os patins uns Allstar. agora doi-me o cóccix, claro! =p

há que referir, contudo, que, agora que as temperaturas já são positivas, o sol, se existir, já é reparado, olhado, sentido... e sabe bem. =)


ps

estas foram tiradas ainda na altura fria, numa manhã sem boleias, depois de, sofridamente, se ter biclado a tremer até à paragem e esperado uns 10min na rua pelo autocarro.
um autocarro atrasado mas, ao menos, quentinho, com música de fundo e pessoas ou à conversa ou silenciadas pelas paisagens brancas nubladas! =)